3ª EDIÇÃO - OBRAS
(Pode apresentar conteúdo adulto - nudez)
PESQUISA DO ARTISTA
5- "1984"
6- "Signo de
Câncer"
7- Encomenda
particular, nanquim e marcadores sobre papel
9-
"Faraó"
Trabalho pessoal,
acrílica e marcadores sobre tela
10- "Projeto
Desce Pra Ver"
Trabalhando com ilustração regularmente
desde 2008, pode ser um pouco difícil elencar características conceituais
gerais do trabalho, já que, por trabalhar frequentemente sob encomenda, a
variedade de propostas e temas é bastante abrangente para o artista.
Além disso, vê o trabalho como uma árvore filogenética de "espécies", com vários galhos e ramos, que vão se adaptando às várias e diferentes demandas, sejam as de produções do próprio artista, ou dos clientes. Talvez os dois principais galhos desta árvore sejam o trabalho "autoral", em que utiliza predominantemente técnicas "tradicionais", como nanquim, aquarela, acrílicas e marcadores, e o trabalho sob encomenda, em que utiliza principalmente meios digitais.
A partir daí, esses galhos se ramificam
bastante, e surgem muitas variações.
Mas o desenho é o tronco, a base, e constitui também as raízes, que se alimentam das mais diversas influências de um vasto solo de inspirações e práticas.
Ainda que haja essa grande diversidade de temáticas, e alguma diversidade de técnicas, consegue identificar algumas linhas gerais no que faz.
Talvez a dualidade e o contraste sejam um tema constante. Contraste entre o claro e o escuro, entre o autoral e o encomendado, entre o digital e o tradicional.
Há também o contraste entre luz e
sombra, real e imaginário, bonito e feio, reto e torto, doméstico e selvagem. É
muitas vezes nessa dança de contrastes que procura o lugar para desenhar, às
vezes carregando mais em um lado ou no outro, e às vezes simplesmente deixando
que os conflitos e contradições transbordem no traço.
Ao desenhar, gosta de explorar a liberdade tanto quanto possível em cada trabalho. Procura não rejeitar o lado sombrio, bizarro, estranho, oculto, subversivo, que muitas vezes é o que traz uma identidade ao traço.
Não rejeitar as influências do pesadelo,
daquilo que desafia as convicções e certezas, ou que desafia o padrão estético
mais confortável e seguro. Se na vida frequentemente precisamos jogar no
terreno mais seguro e conservador, evitando certos riscos, acredita que a arte
seja um território muito propício para arriscar, experimentar sem tantas regras
e limites. Especialmente no trabalho pessoal e experimental, o erro deve ser
sempre permitido e até mesmo encorajado.
Esteticamente, vê dois caminhos predominantes em seu desenho. Um deles, usa quando precisa atingir um pouco mais de realismo. Nesses casos, trabalha bastante com observação de elementos da realidade, e também com uma espécie de "colagem" de referências fotográficas, para ancorar o desenho numa representação gráfica razoavelmente fiel do real.
O outro caminho é um desenho mais livre, e menos apegado à representação realista. Nessa vertente, deixa as linhas e formas fluírem de maneira bem mais intuitiva, muitas vezes sem um plano exato de onde quer chegar com o desenho. Esse modo de desenhar funciona quase como uma meditação, em que o desenho vai nascendo de forma espontânea e um tanto caótica.
Existe, claro, um intercâmbio constante
entre esses dois caminhos, que alimentam um ao outro.
LUCENA admite que sempre foi fascinado pela anatomia humana e trabalha com esse tema.
Seu trabalho tem muita influência das ilustrações dos pôsteres de cinema, capas de quadrinhos e fantasyart; sua poética é centrada no questionamento do padrão social de beleza e procura quebrar este postulado mostrando que a beleza não deve ter um cânone e propõe uma reflexão sobre isso: "o que é belo no universo da arte?".
Lucena acredita no amor próprio e na valorização do próprio corpo, o que torna tudo mais bonito. A atitude, a "coragem" e a militância estão presentes no trabalho do artista.
Seraphim cresceu imerso nos mundos de desenhos animados e,
como muitas crianças, foi criado entre a TV, desenhos de animação, fantoches e
brinquedos. Múltiplas gerações compartilharam aquela fundação plástica
brilhante e ousada. Ela envolve nossa juventude e está esteticamente
incorporado em nosso coletivo inconsciente; ultrapassando a fronteira entre a
infância e a idade adulta, vazando do reino dos adultos através de histórias em
quadrinhos, estatuetas de plástico, brinquedos fofinhos, mercadorias, objetos
transicionais, brinquedos, fetiches.
Nós crescemos e ao mesmo tempo não.
O artista cresceu a partir de desenhos animados, mas talvez nunca
tenha crescido a partir deles.
Descobriu as culturas visuais da arte, da pintura e da
colagem; a iconografia religiosa e estética da religião em seu Brasil natal,
rebelou-se no graffiti, e mais tarde fixou-se na arte da tatuagem - a forma que
dominou grande parte da arte de Seraphim na carreira pública até hoje, todas
essas culturas visuais, esses reinos estéticos, influenciam e dobram dentro de
suas pinturas e colagens.
Através de suas imagens somos levados, sonhando com
indulgência, para este mundo do desenho quase doentio, trazendo nossa nostalgia
infantil e nosso eu adulto conosco, junto com nossos desejos e segredos.
Procurando por essa alegria em revisitar a inocência colorida, mas encontrando
toda fodida e manchada. O que devemos fazer? Sente-se com essa perturbação
desajeitada, como Bambis arruinados, ou recuemos com nossas defesas psíquicas.
Tente aproveitar a ousadia e brilho com os olhos arregalados e distantes,
agarrar nossos ursinhos de pelúcia perto e reprimir a tentação de dormir com eles.
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